- Pô, se atrasou, hein?!
- Desculpa, tive uns problemas ai.
- E ela, não vem?
- A gente terminou.
- Terminaram?!
- Umhum
- E todo aquele amor?
- Sei lá... Acho que acabou.
- E amor acaba?
- Não sei, esse acabou.
- Talvez não tenha acabado.
- Talvez nem fosse amor...

Muito além dos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.

Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande idéia.

Este planeta tem o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.

E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.

E aqui estamos nós, mais de dois mil anos depois que um homem foi pregado numa cruz por dizer que as pessoas deveriam ser legais umas com as outras, pra variar.

                                                                                                         Douglas Adams

São poucas as vezes que damos valor ao que realmente importa para nós. E muito mais raras são os momentos em que nos importamos com quem se importa conosco.
Eu não entendo como funciona a cabeça humana. Essa capacidade que temos de chutar nossas proprias pernas. De tirar de perto aqueles que nos seguravam. E de fazer tudo isso achando veementemente que estamos fazendo o certo. Ah, o ser humano! Essa nossa capacidade de só ver a besteira feita depois de ver tudo desmoronar. E ainda se pergunta: "como pude me enganar?!"... "como pude" até no momento em que descobre o quão idiota é, o ser humano ainda tende a se achar perfeito.
Talvez se o ser humano não fosse tão hipocrita, se pelo menos ele conseguisse ver o mundo ao seu redor, largar o egocentrismo de lado, e passar a ver que todas a suas ações tem reações. E que apenas se ele pensar além de si, e em como conseguirá ser feliz, é que ele descobrirá o que realmente é ser feliz. E plenamente feliz ele será

Eu soube que havia um acorde secreto
Que Horic tocava, e que agradava até os deuses
Mas ninguém dava muita atenção a aquele pobre sem-teto
E assim vai a quarta, a quinta,
O acorde menor cai, e o acorde maior sobe
O rei, frustado, pede que ele componha uma musica linda

Sua fé era forte, mas ele precisava inspiração
Ele a viu tomando banho do telhado
A beleza dela e o luar arruinaram com sua razão
Ela destruiu seus sonhos, e tirou sua voz
E dos seus lábios, nada mais saíra
Alem de palavras de amor, de uma paixão feroz 

Querida, eu já estive aqui antes pra te ver
Eu vi este quarto, andei neste chão
Eu vivia sozinho até te conhecer
Eu vi sua bandeira no arco de mármore
E o amor não é uma mancha da vitoria
É um frio sofrido, um grito de pare

Talvez os deuses que fizessem eu ti querer
Mas tudo que eu já aprendi sobre o amor
Era como atirar em alguem que desarmou você
E não é um choro que você pode fazer com que sare
E o amor não é ver a luz
é um frio sofrido, um grito de pare

E o rei entrou no quarto de uma só vez
O bardo não se escondeu, disse que a amava
Mas apaixonar-se pela princesa, o que você fez?
O guardas chegaram, o levaram pra fora
Contaram-lhe a cabeça, ele nunca mais cantaria
Os deuses enfurecidos, o que ouviriam agora?

                                                                                     Contos de Maltinor